Extemporânea

Linhas Coreográficas #2 | Júlio Cerdeira

5 JUL 2025  17h40
Performance
Linhas Coreográficas #2 - Júlio Cerdeira
20’

Linhas Coreográficas #2, performance para 1 intérprete a descer uma escadaria e alguns rolos de fita cola. Nesta performance pensam-se processos de (de)composição e estilhaçamento coreográfico, procurando testar a relação do corpo com partituras coreográficas de trajecto, contorno, impressão e efemeridade. 


Júlio Cerdeira (1994, Braga - PT) é um artista queer e transdisciplinar que trabalha o cruzamento de práticas artísticas para repensar a materialidade, a identidade e a politização dos corpos. Possui o Mestrado em Artes Cénicas - especialização em Direção Artística e Interpretação de Dança Contemporânea pela ESMAE, a Pós-graduação em Dança Contemporânea pela ESMAE e a Licenciatura em Teatro pela Universidade do Minho. Neste momento, é também doutorando em Arte Contemporânea no Colégio das Artes da Universidade de Coimbra.
Como intérprete, criador e coreógrafo colaborou com artistas e estruturas como: Né Barros (Balleteatro), Elisabete Magalhães, Gustavo Ciríaco, Tales Frey, Rogério Nuno Costa, Sandro William Junqueira, Diogo Liberano, Lilian Walker, Instável - Centro Coreográfico, Ballet Contemporâneo do Norte, Festival DDD, International Contemporary Dance Collective (ICoDaCo), Bosnian National Theatre Zenica, Hosek Contemporary (Berlim), Bienal Internacional de Arte de Cerveira, entre outros.
Integra o corpo docente da Escola Superior de Música e Artes do Espetáculo - Instituto Politécnico do Porto, estando atualmente a lecionar na Licenciatura em Teatro e no Mestrado em Artes Cénicas - especialização de Composição Coreográfica. Colabora pontualmente com o Balleteatro – Escola Profissional, na direção de projetos de Formação em Contexto de Trabalho. 

Corpo em Promoção / Body on Sale | Beatriz Albuquerque

5 JUL 2025 | 17h10 
Performance & Instalação
Corpo em Promoção / Body on Sale - Beatriz Albuquerque
20’ 

No Centro Comercial de Cedofeita — espaço que marcou uma geração com a promessa do progresso, do consumo e da liberdade — a artista Beatriz Albuquerque instala-se como presença dissonante. Em "Corpo em Promoção", a performance transforma corredores comerciais em corredores críticos, explorando os estereótipos que colam ao corpo: os que se vendem, os que se impõem, os que se repetem.
Corpo-género, corpo-produto, corpo-anúncio. Beatriz Albuquerque reconfigura a linguagem dos gestos domesticados pela publicidade e pela cultura visual de género, para os colocar em crise. Através de movimentos que oscilam entre o artificial e o orgânico, entre a exposição e o colapso, a artista interroga o modo como os corpos — especialmente os femininos e dissidentes — são condicionados pelo espaço público, pelas vitrines sociais e pelas promessas de “valor acrescentado”.
A performance é uma deriva entre corpos e vitrines, entre o visível e o descartado, em diálogo direto com a história do espaço: lugar de encontros contraculturais, de experimentação artística e agora, em transição. Os gestos repetem-se como manequins coreografados, mas colapsam sob o peso da crítica, da memória e da resistência.
“Corpo em Promoção” questiona como nos vemos — e somos vistos — numa sociedade que molda e vende identidades como produtos.

Beatriz Albuquerque (Porto, Portugal) é artiste, performer, professore e investigadore. Tem o Doutoramento pela Columbia University em Nova Iorque com uma Bolsa Fundação para a Ciência e a Tecnologia e com uma Bolsa Fulbright/ Fundação Luso-Americana. Concluiu a Licenciatura na Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto e o Master of Fine Arts no The School of the Art Institute of Chicago. Foi galardoade com vários prémios e menções como o Myers Art Award pela Columbia University, Nova Iorque assim como, o Prémio Revelação pela 17ª Bienal de Cerveira em Portugal e o Prémio de Performance Ambient Series, PAC/edge Performance Festival, Chicago. Tem colaborado com centros de investigação, cátedras e institutos europeus e americanos, integrando projetos, pronunciando conferências e publicando como ensaística que coloca em diálogo as suas áreas de formação e interesse científico como pela interdisciplinaridade dos media a que recorre, entre eles, desenho, imagens em movimento, fotografia, instalação e sobretudo performance. Tem vindo a realizar várias exposições individuais e colectivas, a nível nacional e internacional destacando-se alguns lugares onde apresentou o seu trabalho: Museum of Contemporary Art of Chicago, Chicago Cultural Center em Chicago; Chelsea Art Museum, The Kitchen, Emily Harvey Foundation, Anthology Film Archives, Queens Museum, MoMA PS1 em New York; 10th International Istanbul Biennial na Turquia; 2nd Thessaloniki Biennale of Contemporary Art na Grécia; Museu Brasileiro de Escultura e Ecologia em São Paulo; Museo de Arte Contemporânea de Bogota na Columbia; Museo de Arte Contemporânea de Caracas na Venezuela; Galeria Graça Brandão, Plataforma Revolver em Lisboa; Museu de Serralves, Galeria Nuno Centeno, Galeria MCO no Porto, entre outros. www.beatrizalbuquerque.com

ccc (uma escrita) | Cristina Mateus

16h45
Performance & Instalação
ccc (uma escrita) - Cristina Mateus
15’

Escrever é agora a minha atividade preferida escrever nas paredes nos vidros no chão no teto nas paredes e quando vou lá para fora nas montanhas na luz e no ar escrevo em todo lado para dizer que é para ti que escrevo sem parar sem nada dizer sem nada nas palavras sem nada as palavras dizem tudo o que te quero dizer hoje estou a escrever palavras para te dizer

Cristina Mateus Nasceu no Porto, em 1968, cidade onde vive e trabalha. Licenciou-se em Artes Plásticas – Pintura, na Escola de Superior de Belas Artes do Porto. Fez o Mestrado em Arte Multimédia e o Doutoramento em Arte e Design, ambos na FBAUP. É professora na Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto.  Das suas exposições individuais, destacam-se: Esta é a minha imagem, CAPC, Coimbra (1995); Political body, Institute of Visual Arts, University of Wisconsin, Milwaukee (1999); Posição invertida, Galeria Marta Vidal, Porto (2001); Imagens caligráficas, IN.TRANSIT # 37, Porto (2008); RÉPÉTITION, Círculo de Artes Plásticas de Coimbra (2015); Dormência, CAV, Coimbra (2024). Das suas exposições coletivas destacam-se: Alegorias de uma crise, Galeria A5, Santo Tirso (1993); Mais tempo menos história, Fundação de Serralves, Porto (1996); 5th Internacional Istanbul Biennial, Istambul (1997); Anatomias contemporâneas, Fundição de Oeiras, Oeiras (1997); Experiência do lugar, Museu de História da Medicina, Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, Porto (2001); Uncertain Signs - True Stories, Badischer Kunstverein Karlsruhe (2002); P.- uma homenagem a Paulo Cunha e Silva, por extenso, Galeria Municipal do Porto (2016); Quadrum 50 anos, uma fogueira cultural, Galeria Quadrum, Lisboa (2023); Histórias para Salvar — 10 Anos do Banco de Cérebros, Galerias da Casa Comum, Reitoria da Universidade do Porto (2025), Qualia #6, Mostra de videoarte, COBE, Poste_Matosinhos, Somos todos capitães, 50 anos em liberdade, Museu Nogueira da Silva, Braga (2025).

Do fundo do coração | Ana Effe

16h20
Performance & Instalação
Do fundo do coração - Ana Effe
15’

Dentro da vitrine de uma loja abandonada, uma figura solitária transforma o próprio corpo em solo fértil. Durante quinze minutos, raízes emergem lentamente dos seus cabelos, da sua pele, do fundo do seu coração — invadindo o espaço à sua volta como um gesto silencioso de resistência e renascimento.
Com colaboração de All Brain (Luís Xavier).

Ana Efe
Artista multidisciplinar que desenvolve trabalho no campo do desenho, escultura, instalação, fotografia, vídeo e performance, com recurso a narrativas emocionais.
Debruça-se sobre o feminismo e a exploração animal, o especismo a atual desconexão entre o humano e o animal.
Co Fundadora e Co-directora da galeria Sput&nik theWindow no Porto.
Curadora e Programadora Cultural.
Professora Assistente Convidada no Instituto Politécnico de Coimbra e Viseu.

Glossa Ex Machina | José Alberto Gomes

16h00-19h00
Instalação
Glossa Ex Machina - José Alberto Gomes
180’

Glossa Ex Machina é uma arqueologia especulativa. Uma fala espectral que não
pertence a ninguém, mas que insiste — como um vírus sonoro — em habitar corpos.
Através de fumo denso, ruído e uma voz, a peça invoca a presença de uma entidade vocal que tenta articular fragmentos de uma língua extinta — ou talvez nunca nascida.
Treinada por inteligência artificial a partir de arquivos obsoletos, registos esquecidos e línguas mortas, a voz ocupa o espaço como uma espécie de oráculo falhado. Oscila entre discurso, lamento e comunicação quebrada, como um eco mal sintonizado de um futuro anterior. Não se dirige a ninguém em particular. Fala porque sim.
Inspirada pela hauntologia, pela figura da voz sem um corpo, e pelas formas em que a linguagem resiste à morte, Glossa Ex Machina encena uma aparição maquínica — uma solução milagrosa.
A montra torna-se um altar profano. O público escuta sem compreender, contempla sem resposta. A peça oferece, apenas, presença.
O som como corpo, o corpo como som.
Na era pós-digital, entre os escombros do pós-democrático e do pós-humano, esta voz-fantasma ressoa como um sintoma de sistemas linguísticos e políticos
colapsados. A linguagem sobrevive desabitada, replicada por tecnologias que já não sabem o que dizem, mas continuam a falar.

José Alberto Gomes é um músico, artista sonoro e curador do Porto, Portugal.
Licenciado em Composição Musical, criou fortes laços com as novas possibilidades tecnológicas e o papel da música no teatro musical, no cinema, nas instalações e na improvisação eletrónica, interessando-se particularmente pela procura de novos caminhos e novos “lugares” musicais.
Doutorou-se em Música Computacional com a tese Composing with Soundscapes - Capturing and Analysing Urban Audio for a Raw Musical Interpretation.
É professor na Escola das Artes - UCP, lecionando New Media Art, Som e Música
Computacional e coordenador do programa de doutoramento Ciência e Tecnologia das Artes.
É codiretor artístico do Supernova Ensemble, coletivo artístico residente na Associação Cultural Circular e apresenta-se regularmente em projectos públicos tanto a solo como em projectos colectivos. É criador nas áreas da música e som para peças de teatro e cinema, criação e programação para interatividade sonora em instalações e composição para eletrónica e instrumento.
www.jasg.net